sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sobre os Filhos de Gaia e as Fúrias Negras



A Seita dos Guardiões do Utinga foi fundada e mantida no inóspito território da Amazônia pelos pioneiros Uktena desde o século XVII, porém, apesar do conservadorismo de alguns membros da seita, desde muito cedo ela revelou uma tendência cosmopolita e multitribal. A lógica e a tradição oral dizem que os Filhos de Gaia foram os primeiros Garou não Uktena a se fazerem presentes entre os Guardiões do Utinga, seguidos logo depois pelas Fúrias Negras. A presença das crias do Unicórnio e do Pégaso no Forte da Samaúma é tão antiga que, no caso dos primeiros, chega a ser controversa mesmo entre os Uktenas. Sabe-se apenas que ela remete a Era dos Líderes Lendários da Seita, compreendida pelo período de dominância dos cinco primeiros Grandes Anciões e anterior a instituição do Bosque da Memória.

Se por um lado a admissão da primeira matilha de Fúrias Negras encontra-se registrada em uma das árvores do bosque da memória, em um registro obviamente posterior a morte da matilha em questão. É quase certo que o primeiro Filho de Gaia, ou Matilha de Filhos de Gaia, tenha sido admitido na Seita durante a dominância do Lendário Moacir “Sombra-da-Castanheira”. O registro mais antigo da presença das crias do Unicórnio refere-se ao infame João “Língua-Ferina”, conhecido pela historiografia humana como Cônego Batista Campos. João “Língua-Ferina” é reconhecido de maneira quase unanime como o primeiro Filho de Gaia legitimo nascido em território Amazônico, embora o fato de que ele tenha sido o primeiro Filho de Gaia admitido na seita seja amplamente questionado.

A teoria mais aceita sobre a chegada dos Filhos de Gaia a região parte de especulações sobre a presença de Garous entre os missionários franciscanos que estiveram presentes na região desde os primeiros momentos da colonização europeia, segundo esta teoria Garous Filhos de Gaia teriam usado contatos com a igreja, mas especificamente na ordem franciscana, para viajar até a região e tentar estabelecer contato com metamorfos nativos, impedir que a segunda Guerra da Fúria aprofundasse ainda mais o abismo entre as diferentes raças metamórficas e impedir o extermínio dos povos humanos nativos. Porém, o fato dos próprios Filhos de Gaia reivindicarem que os laços entre os membros de sua tribo se dão muito mais em função de afinidades ideológicas do que por efetivos laços de sangue, levanta a questionadíssima teoria de que nunca houve uma “chegada formal” dos Filhos de Gaia, mas, ao invés disso, o que teria havia é uma inclinação de Garous nativos de herança Uktena em direção ao Totem do Unicórnio.

Próximo ao Coração do Bosque da Memória formado pelo Ipê roxo permanentemente florido que registra a Litania e as árvores que recontam as histórias dos cinco primeiros líderes da Seita há um ingazeiro maltratado, com alguns galhos quebrados e tronco retorcido que homenageia o infame Ragabash Filho de Gaia, João Batista “Língua-Ferina” Gonçalves Campos, o Cônego Batista Campos, um idealista a quem são atribuídas as ideias por trás da Cabanagem, a rebelião popular que encobrir um ataque de metamorfos nativos que quase destruiu o Caern do Forte da Samaúma na primeira metade do século XIX, em um episódio que ficou conhecido pelos Galliards da Seita com o nome de “A Batalha do Coração-Oco”. Os glifos que registram a trágica história desse infame Garou foram visivelmente profanados, mas os interessados podem extrair as seguintes informações entalhadas nesta árvore:

João Batista “Língua-Ferina” Gonçalves Campos, Hominídeo Ragabash Filho de Gaia - O ousado, o tolo, o louco, o amante das feras, o infame, o ronin. Recebeu o Ritual de Passagem no Caern do Forte da Samaúma 33 estações chuvosas antes de Ubiratã “Presa-da-Grande-Serpente” vestir a pele do Uktena. Aquele que buscou unir os povos de Gaia. Aquele que se recusou a correr em matilha. Aquele que virou as costas aos seus deveres para com a Seita. O Amigo dos Betê. O vendedor de ilusões. Defensor dos menores entre os filhos de Gaia. O incitador do povo. Aquele que levou o amor de Gaia aos Homens. Aquele que se curvou para os ídolos de barro. Aquele que enfrentou os Demônios do Sangue. O Violador do Pacto. Convocou o Primeiro Grande Conselho a reunir lobos, aranhas, dragões, gatos e ratos. Foi declarado Ronin após desafiar os Anciões e abandonar seus deveres para com a Seita. Perseguido, pereceu nas garras de falsos amigos pouco antes da Batalha do Coração Oco durante o Conselho das Garras Traiçoeiras. Suas ideias inspiraram... Sua debilidade e os segredos compartilhados encorajaram ...Coração-Oco a lançar o ataque que quase destruiu o Forte da Samaúma.

Neste, que é o registro mais antigo da presença dos Filhos de Gaia entre os Guardiões do Utinga, o Filhos de Grande Unicórnio só voltam a figurar no registro de uma famosa e curiosa matilha que surgiu dentro da Seita já por volta do século XIX, também antes da instituição do Bosque da Memória.
Os registros desta notável matilha estão entalhados em um Ipê Amarelo com um altar esculpido no tronco onde está fixada uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, este Ipê Amarelo flore apenas no mês de Outubro e registra os feitos dos Humildes Servos da Rainha da Amazônia, a quem é atribuída a descoberta de que a realização do Círio de Nossa Senhora de Nazaré poderia substituir a necessidade de realização de rituais periódicos para manter aprisionado o poderoso Maldito que jaz sob a cidade. De seus glifos podem ser extraídas as seguintes informações:

Os Humildes Servos da Rainha da Amazônia, abençoados por Nossa Senhora de Nazaré. Fundada por Joaquim “Herdeiro-do-Manto-Justo” (Hominídeo Theurge Filho de Gaia) e Açuã “Aperta-as-Amarras-dos-Malditos” (Hominídeo Ragabash Uktena) 344 estações chuvosas depois da chegada dos estrangeiros da Wyrm às Terras Puras.
*Sob a liderança de Joaquim “Herdeiro-do-Manto-Justo”: protegeram os parentes; defenderam os menores entre os filhos de Gaia; levaram a mensagem de Gaia aos humanos; apertaram as amarras de Tezcatlipoca, prestando grandes serviços a Seita.
Componentes:
Joaquim “Herdeiro-do-Manto-Justo”: conhecedor dos segredos dos espíritos; tutor e incontáveis filhotes; mestre na antiga arte do Iskakku; humilde servo de Gaia.
Açuã “Aperta-as-Amarras-dos-Malditos”: amigo fiel; serviu a Seita como Caçador da Verdade.

Em relação as Fúrias Negras a história é um pouco menos confusa, no Bosque da Memória, uma árvore próxima ao Coração do Bosque registra os feitos da Desbravadoras dos Bosques Sombrios, as primeiras Fúrias Negras a serem admitidas entre os Guardiões do Utinga, uma matilha de Desbravadoras vindas diretamente da Europa e norte da África nas primeiras décadas do século XIX. Estudiosos Uktena ressaltam que a presença das Fúrias na Amazônia é muito anterior a chegada das Desbravadoras dos Bosques Sombrios e pode até ser a responsável pelas lendas das Icamiabas, as bravas guerreiras que deram origem ao nome pelo os colonizadores europeus batizaram a região, contudo ninguém questiona que a matilha liderada pela renomada Erínia “Olhos-Flamejantes” foram as primeiras Fúrias Negras a compor a seita dos Guardiões do Utinga. Os registros também demonstram a antiga relação entre Filhos de Gaia e Fúrias negras e na árvore que conta a história das primeiras Fúrias do Forte da Samaúma, pode-se obter as seguintes informações:

As Desbravadoras dos Bosques Sombrios, abençoadas pela Grande Pantera. Fundada por Erínia “Olhos-Flamejantes” (Hominídea Ahroun Fúria Negra), Elián “Luz-na-Escuridão” (Hominídea Theurge Fúria Negra), Zoé “Crinas-ao-Vento” (Hominídea Ragabash Fúria Negra), Sophia “Canção-do-Amanhã” (Hominídea Galliard Fúria Negra). Admitidas como membros da Seita dos Guardiões do Utinga pelo Lendário Moacir “Sombra-da-Castanheira” 320 estações chuvosas depois da chegada dos estrangeiros da Wyrm às Terras Puras.
*Sob a liderança de Erínia “Olhos-Flamejantes”: exploraram os segredos da Penumbra Amazônica; desvendaram os segredos dos domínios da Wyld; exploraram os reinos de Willkañuta e Anobatiba-Auí; estabeleceram contato amigável com os Bastet através de Yamiça, o Suçuarana; despertaram um antigo mal nas ruínas de Tawantinsuyo; admitiram em suas fileiras Acira “Presa-Afiada” (Hominídea Ahroun Uktena) e Eloá “Canção-Silenciosa” (Hominídea Galliard Uktena); serviram a Seita como Guardiões do Caern.
Erínia “Olhos-Flamejantes”: a donzela indomável, vitoriosa em incontáveis batalhas; mil vezes desafiada e jamais derrotada; sobreviveu a aniquilação de sua matilha original ao libertar um antigo mal nas ruínas de Tawantinsuyo; a mãe zelosa; pariu vários parentes com a Benção de Gaia; senhora dos segredos de Luna; deixou-se encantar pelo pela doce canção do infame “Língua-Ferina”, viu perecer sua matilha uma segunda vez durante o Conselho das Garras Traiçoeiras e tendo sofrido inúmeras cicatrizes de batalha retirou-se em exilio ritual para perecer honradamente. 3
Elián “Luz-na-Escuridão”: a iluminada; senhora dos segredos da Wyld; regatou conhecimentos perdidos; pereceu ao enfrentar um poderoso maldito nas ruínas de Tawantinsuyo.
Zoé “Crinas-ao-Vento”: a destemida; a questionadora astuta; pereceu ao enfrentar um poderoso maldito nas ruínas de Tawantinsuyo.
Sophia “Canção-do-Amanhã”: a sábia; conhecedora dos mistérios do por vir; pereceu ao enfrentar um poderoso maldito nas ruínas de Tawantinsuyo.
Acira “Presa-Afiada”: duas vezes nascida; a caçadora de malditos; pereceu durante o Conselho das Garras Traiçoeiras defendendo sua matilha.
Eloá “Canção-Silenciosa”: a última filha; pereceu durante o Conselho das Garras Traiçoeiras.
Na história recente do Forte da Samaúma alguns Filhos de Gaia e Fúrias Negras notáveis influenciaram os Guardiões do Utinga até os dias de hoje e atestam a importância que estas duas Tribos tiveram sobre os rumos da comunidade Garou na região desde tempos imemoriáveis.
Assim são contadas as histórias o venerável Bené “Mira-o-Infinito”, Mestre de rituais que compôs a primeira versão do Conselho de Anciões instituído pelo Grande Ajuricaba “Noite-sem-Estrelas” e que tem sua história registrada nas árvores que guardam os registros da matilha dos Filhos da Águia e dos Guardiões do Utinga; a feroz e controversa Alisha “Garras-que-Dilaceram-a-Wyrm”, uma renomada Ahroun, descendente direta de Erínia “Olhos-Flamejantes”, que foi colega de Bené na primeira formação do Conselho de Anciões, sua história está registra nas árvores-registros das matilha dos Desbravadores da Wyld e dos Guardiões do Utinga; o sábio Sebastião “Clamor-dos-Tambores-Ancestrais”, um lua cheia renomado por sua ligação com os ancestrais e esforço por estabelecer relações amigáveis com as raças metamórficas que atualemnte compõem o Conselho de Anciões liderado por Ubiratã “Grande-Guará”; e a finada Galliard Erínia “Chama-Brilhante”, filha de Alisha “Garras-que-Dilaceram-a-Wyrm e do renomado parente Maximiliano Arruda, mentora da Andarilha do Asfalto Selene “Garras-de-Titânio” e meia-irmã do impulsivo Eric “Faster”, um dos Guardiões do Caern.

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